SEUS LÁBIOS

Seus lábios se não são mentirosos!
Devem ser mesmo amorosos...

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai – 44

Violeta flor
Cuido de ti com amor
A beldade frágil

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai – 43

Narizes ranhosos
Calções rotos nos joelhos
Agrestes fedelhos

Zé Ernerto Gaia

Hai-cai - 42

Bons seios, bom leite
As crianças saciadas
Dormem sossegadas

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 41

Telheiro, abóboras
As geadas outonais
Assim duram mais

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 40

Tapete dourado
Folhas caídas, Outono
Natura com sono

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai – 39

Sadia romã
Símbolo, fertilidade
És fecundidade

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai – 38

Fugaz solilóquio
Nua, brasas de lareira
A virgem solteira

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 37

Outubro é mês
Monólogos ao serão
Sente solidão

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai – 36

Oráculo mágico
Diz tua sabedoria
Chuva, triste dia

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - I

o sol brilha dia
iluminado acorda
o vento vagueia

Vila (amigo desconhecido)

Hai-cai – 35

Depressão, tristeza
Folhas no chão, rebuliço
Outono mortiço


Zé Ernesto Gaia

Hai-cai – 34

Rabelos do Douro
Carregam pipas de vinho
Órfãs do tesouro

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 33

Ó velho Marnoto,
Rodas o sal de petiz
Plebeu de raiz

Zé Enesto Gaia

Hai-cai – 32

Senhor dos Milagres
Acode aos mais aflitos
Serena seus gritos

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 31

Lírio do campo
Geribéria carmim
Florido jardim

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 30

Ó verde floresta
Queimada, fogo agreste
Só cinza te resta

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 29

Ó Vinho, delícia
Néctar, que nos embriaga
Baco com malícia

Zé Ernesto Gaia

CRIANÇA - (INDRISO)

Nascido à beira de uma rua em maquedame.
Onde os putos, descalços, jogavam ao pião!
Lá criado, sem cuidados, até ao desmame.

Sem horas de deitar o corpo no velho colchão,
Foram tempos de dias tristes e de risonhos,
Vividos em brincadeiras sem no futuro pensar.

Criança que dorme sem se recordar dos sonhos,
Nem se o Mundo, amanhã, vai ou não acabar.

Zé Ernerto Gaia

Hai-cai – 28

Paga prostituta
Para contar seus pecados
Deus ouve recados

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 27

Vagueia na rua
Sem pudor pelos vadios
Banho, fonte, nua

Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 26

Moçoilo não beija
Por afagar uma outra
Louca de inveja

Zé Ernesto Gaia