FILHO SEM ROSTO

Pariu, ainda menina, um filho sem rosto!
Na noite, não enxergou a cara do violador...
Pérola, com carnes rasgadas a contragosto,
tendo na memória, o suor acre do agressor.



Zé Ernesto Gaia

SILÊNCIOS TERNOS

A Deolinda Rosa

Plantas, ainda estão floridas!
Silêncios ternos, mas rudes...
Sinto leviandades imerecidas.
Seiva virtual de reais virtudes.



Zé Ernesto Gaia

LIBIDO E CARÍCIAS (POETRIX)

Com corpos bem entrelaçados...
Percorrendo, Jardim das Delícias!
Aceitaste toda a libido e carícias.



Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 139

Deolinda Rosa
És flor mulher, rosa linda -
Rosa Deolinda



Zé Ernesto Gaia

A VIDA

A vida é dor sobrepondo vis tormentos!
É difícil vereda, pedregosa e desconhecida...
Cilícios tornam-a em estultos sofrimentos.
Acossados, rastejamos até à primeira ermida.



Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 138

Cabra muito berra
Virgem sua boca cerra -
Judeu satisfeito



Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 137

Primavera Flor
Ilha do Sonho ao Sol -
Viço com ardor



Zé Ernesto Gaia

CIGANA MORENA

Cigana morena que para um gajo cantas!
Já sabes de quem virás a ser conversada.
Aos olhos de todos serás a que mais encantas!
Amor impossível, melodia que não valeu nada...



Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 136

Plantas já floridas!
Medram mais, vasos de húmus...
Rapar, escondidas.



Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 135

Soa uma flauta
No Canavial de Pã -
Folia Pagã


Zé Ernesto Gaia

CULTO FÁLICO

Brácara Augusta! Existe lá um sonho de bronze verdadeiro...
Sacerdote de Dionísio de báculo com pénis em retracção!
Culto fálico, que pensei nestes tempos, já fosse derradeiro...
Mas Cultos, são eternos e retornam diferentes noutra ocasião.



Zé Ernesto Gaia

EM NOITE DE LUAR

Pelo corpo escorrem lágrimas salgadas de suor!
Sumo extraído pelos excessos no acto de amar...
Tua nudez estimulada ao prazer em pormenor...
Junto ao mar, odor a maresia, em noite de luar.



Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 134

Magias ocultas!
Horror, das vestais estultas...
Oráculos fétidos.


Zé Ernesto Gaia

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ÂNSIA

O teu corpo é a minha loucura!
Ao amar-te em recôndito leito...
Sensações que a ânsia procura,
de ter-te sempre ao meu jeito.



Zé Ernesto Gaia

FALÁCIA

Imagina-te bem longe no centro do Universo!
Entre um buraco negro e uma longínqua galáxia...
A nave espacial é feita de palavras só em verso.
A rima parece perfeita, não passando de Falácia.



Zé Ernesto Gaia

Mecânica quântica

A Albert Einstein

Inscrevi-me na escola "O Uso do Tempo"!
Sentei-me numa velha carteira da vida...
O Mestre dita um já velho apontamento,
"O futuro não existe e ninguém acredita".


Zé Ernesto Gaia

»»Na mecânica quântica já não existe a figura
de futuro, pois esta actua de forma atemporal.

Hai-cai - 133

Deolinda Rosa!
Espinhos, sangue, flor, pétalas...
Vermelha, airosa.



Zé Ernesto Gaia

INADAPTADA

Pertenço à amálgama disforme, azeda das vencidas!
Aquelas a quem chamam de eternas inadaptadas...
Paridas entre farrapos, com suas veredas definidas...
Lutam em vão contra sinas, sendo sempre derrotadas.



Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 132

Árvore florida
Ramos partidos por ventos
Pernada ferida



Zé Ernesto Gaia

ESTE POEMA

Este poema emergiu ténue no sono...
Surgiu no espírito, quando acordei!
Algures estava, ao maior abandono,
tenho buscado onde, mas não achei.



Zé Ernesto Gaia

A COR DE CHÁ

Deolinda sem a tua bela Rosa!
Sentes-te, sem pétalas, nua...
Dei-te uma cor de chá, formosa,
para te sentires alegre e segura.



Zé Ernesto Gaia

O TEU CORPO

Não deleites o teu corpo com água de rosas,
nem com precioso óleo da amêndoa doce!
A beleza das formas são de Vénus amorosas...
Sendo o seu gosto duma suavidade agridoce.



Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 131

Que eu não sou nada
Todo meu Ser sabe bem -
Não sendo ninguém



Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 130

Cerejas Vermelhas
Brincos pendentes, orelhas -
Adornam os lóbulos



Zé Ernesto Gaia

PUDICOS PENSAMENTOS

Conseguiste decifrar meus pudicos pensamentos,
fechados com sete chaves no âmago do meu Ser!
Como gazua usaste no corpo lúbricos unguentos.
Deixaste que te invadisse do ocaso ao Sol nascer…



Zé Ernesto Gaia

FUROR UTERINO

Mulher com furor uterino é viciosa...
Para ela qualquer homem é paixão!
Tornozelo fino, fértil mente, fogosa...
Voa sem amor, dorida busca solidão.



Zé Ernesto Gaia

COIMBRA (Postal Antigo)

Douta Coimbra à borda do rio Mondego nasceste!
“Bazófias”, pelas poucas águas, alcunha acolheste...
Tricanas nas tuas límpidas águas, alvas roupas lavaram,
estudantes, vindos de longe, por elas se apaixonaram.



Zé Ernesto Gaia

A JORNADA DA VIDA

A Goethe

Tenta transpor o cume daquela montanha!
Avança! Qual o caminho? Não há caminho…
A Jornada da Viva é desconhecida, estranha.
Para alentar na escalada necessitas de carinho!



Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 129

Furor, mar imenso
Deleitosas jovens Ondinas -
Ventos, fazem sinas


Zé Ernesto Gaia

A LIBERTINA

É a que diz amo-te sem amar...
Que diz dói-me sem lhe doer...
Que solta lágrimas sem chorar!
Eterna fingidora, que frui meu Ser.



Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 128

Belas Estrelícias
Pássaros, Ilha Madeira -
Tuas delícias


Zé Ernesto Gaia

Hai-cai - 127

Pérola vermelha
Anel fogoso, centelha -
Dedo anelar



Zé Ernesto Gaia

Hai-cai -126

Efémeras flores
As cultivo no jardim -
Seu fim é meu fim



Zé Ernesto Gaia

RECORDAÇÃO

Naquele buliçoso café ao descer da rua...
Onde outrora ia beber um café e bagaço!
Recordo a minha mão na tua coxa nua,
o encostar firme do teu peito ao meu braço.



Zé Ernesto Gaia