No trinta da rua do Corpo da Guarda existia...
Prostíbulo com a mais atiradiça e fina meretriz!
Tímido, aguardou disponibilidade da ruiva "tia"...
Cochichavam, ser boa no prazer, com final feliz.
Zé Ernesto Gaia
Cassandra jovem de uma grande beleza!
Apolo fez dela sua profetisa preferida...
Ao querer violar, a sua nobre singeleza,
ela negou! Tróia incrédula caiu ferida.
Zé Ernesto Gaia
Salomé na dança do ventre é brilhante!
João Baptista acusa sua mãe de adultério...
Cabeça do profeta trocada como diamante.
Tetrarca instrumento deste horrível mistério...
Zé Ernesto Gaia
A Vida é curta!
Nem é curta nem comprida...
Simplesmente vida.
Zé Ernesto Gaia
Vénus sem pudor...
Revela sua libido,
Marte sedutor.
Zé Ernesto Gaia
A Olaia, misteriosa no beijo da traição!
Árvore de Judas, onde nela se enforcou...
A sua beleza lhe retira a má reputação,
tua amorosa flor, cor de púrpura se tornou.
Zé Ernesto Gaia
Jesus; O Sudário.
A mortalha do mistério...
O Seu Relicário!
Zé Ernesto Gaia
Moinhos, água das levadas...
Moleiros, as mós sempre a girar...
Grão, carolo, farinha pra peneirar.
Zé Ernesto Gaia
Não existe seda que supere a tua pele.
Junto do portal luxurioso dos sentidos...
Nua do pudor, que em ti tudo se revele!
Fiel loucura, sonhos maldosos, desmedidos.
PINTURA »»» Nu deitado, de Dário Mecatti.
Zé Ernesto Gaia
Mostra teu amor!
Tirando à flor, maldade...
Mantendo seu Pudor.
Flor da maldade PINTURA »» (René Magritte/1946)
Zé Ernesto Gaia
Despir Afrodite!
Alisar pele sedosa...
Um botão de rosa.
Zé Ernesto Gaia
A Clepsidra deixou de medir o tempo!
A água evaporou-se e desapareceu...
Um velho não viu no facto um contratempo,
pôs uma flor na lapela e até rejuvenesceu!
Zé Ernesto Gaia
Cogumelo, veneno
Envenena com prazer -
Não quero viver
Zé Ernesto Gaia
Estrela Cadente
Noite serena, escura -
Desejo carente
Zé Ernesto Gaia
Ó Portugal eras já meu velho conhecido!
Com tanto mar deves ter desaparecido.
Alvíssaras para quem te houver achado...
Não parecias o mesmo de tão mal tratado.
Pintura»» Colheita - Ceifeiras Silva Porto, 1850 -1983
Zé Ernesto Gaia
Ó Jorge de Sena
Sublimes escritos, hábeis -
Sempre implacáveis
Zé Ernesto Gaia
Aguardente Forte
Não deixa rasto de mágoa -
Benévola água
Zé Ernesto Gaia
As nossas rimas foram sempre paralelas!
Encontraram-se no infinito dos fonemas...
Parapeitos de abertas e cristalinas janelas...
Eram já conjuntos unidos, amorosos poemas!
Pintura »» Edward Hopper
Zé Ernesto Gaia
Sorriso nos olhos!
Sinceros, azul cobalto...
Coração dá salto.
Zé Ernesto Gaia
"Tu conheces, Ó Deus, a minha loucura";
"Tenho sede"; o sangue esvai-se das veias!
Nada faças para acabar esta minha tortura,
são partículas de mim que na Terra semeias.
Salmo - 69 O justo sofredor entre os homens...
João - 19 "Tenho sede"
Zé Ernesto Gaia
Não te destruas ao procurar-me!
No virtual existe o real imaginário...
O que é uma imagem de charme,
pode não passar de um sudário.
Pintura»» Penélope tecendo uma mortalha
Zé Ernesto Gaia
Nem te sinto perto!
Nem estás assim tão longe...
No caminho certo.
Zé Ernesto Gaia
Eu sou o relâmpago, senda de Luz!
Vertiginoso! Desloco-me do Oriente,
para junto dos pagãos no Ocidente.
É o rumo d' O Filho do Homem. Jesus!
Zé Ernesto Gaia
Fina crosta verde revestindo incandescente vulcão!
Sobre ti caminhamos amparados a tristes cajados...
Já procuramos várias veredas mas sempre em vão.
Como é difícil viver nesta esfera de desencontrados!
Zé Ernesto Gaia
Flor de fios brancos
Dente-de-Leão somente -
Não pode ser gente
Zé Ernesto Gaia
Deusa Afrodite
Eros liba doce Néctar
Amor sem limite
Zé Ernesto Gaia
A Al Gore
O Universo revê-se na Cosmografia!
O nosso Planeta está em louca agonia...
A Terra é coisa que não se fabrica.
O Homem, único ser moral, não acredita...
Gravura »» Cosmografia Maya
Zé Ernesto Gaia
O arco-íris paleta tão singela nas suas sete cores!
Refracção de um raio solar reflectido no firmamento...
Ao observar este céu assim colorido, calam-se as dores.
Iniciando-se uma pausa luminosa no meu sofrimento.
Zé Ernesto Gaia
A guerra é uma vil devoradora de homens!
Servidos em baixelas de quem detém o poder...
São lautos manjares de muitos ainda jovens.
Jogos de sorte e azar, antes matar que morrer.
"A guerra é o maior dos crimes, mas não existe agressor que não disfarce seu crime com pretexto de justiça।"
Voltaire
Zé Ernesto Gaia