Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
José Régio, pseudónimo de José Maria
dos Reis Pereira, (Vila do Conde, 17 de
Setembro de 1901 — Vila do Conde, 22
de Dezembro de 1969) foi um escritor
português, que viveu grande parte
da sua vida na cidade de Portalegre
(de 1928 a 1967)
JOSÉ RÉGIO
(1969)
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.
Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.
E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,
Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.
José Régio, pseudónimo de José Maria
dos Reis Pereira, (Vila do Conde, 17 de
Setembro de 1901 — Vila do Conde, 22
de Dezembro de 1969) foi um escritor
português, que viveu grande parte
da sua vida na cidade de Portalegre
(de 1928 a 1967)
JOSÉ RÉGIO
(1969)
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