domingo, 31 de maio de 2009

MENINA ANTIGA












O teu seio antigo, que perdeu o leite...
Lentes grossas ofuscam os teus olhos.
Perdeste aquele teu misterioso deleite,
sobrou-te o fino e florido vestido de folhos.


Zé Ernesto Gaia


sexta-feira, 29 de maio de 2009

AMOR VERSUS ÓDIO













Amor e Ódio opostos sentimentos de comum trajecto!
Não é difícil ter ódio, por alguém, a quem muito se ama...
Sabendo que um dia, fomos trocados na nossa cama,
por quem connosco há anos partilhava o mesmo tecto.


Zé Ernesto Gaia


quinta-feira, 28 de maio de 2009

SOLITÁRIO










Soçobra perante o anoitecer o triste solitário!
Aguarda melhor dia ao renascer da aurora...

Até clarear acende o seu velho lampadário.

Em cima, em baixo como um alcatruz de nora...


Zé Ernesto Gaia


quarta-feira, 27 de maio de 2009

MEMÓRIA ABISSAL











O quadro negro de ardósia, logo que apagado,
esquece o teor de tudo o que nele foi escrito!
Da Memória Abissal, onde tudo é arquivado,
reflui mais tarde tudo, como um secreto grito.


Zé Ernesto Gaia



terça-feira, 26 de maio de 2009

TRIBUNAL DA CONSCIÊNCIA









Rigoroso é no íntimo o Tribunal da Consciência!
Julgando velhas relações adúlteras do passado...
Mesmo alegando em defesa volátil demência,
algo na verdade diz, que devias ser condenado.

Zé Ernesto Gaia


segunda-feira, 25 de maio de 2009

AMARGA SOLIDÃO










O Homem é o corpo Místico das Igrejas,

sem ele não persiste qualquer Religião!
Prova que entre Elas há grandes invejas...
Deixando Deus na mais amarga solidão.


Zé Ernesto Gaia

domingo, 24 de maio de 2009

SONHO ERÓTICO














Era um sonho erótico, amava uma donzela!
Loira, sensual! Viçosa para o prazer do ardor.
Deitada sobre verde musgo... Ó como era bela!
Esfumou-se o delírio, extinguiu-se o meu amor.

Zé Ernesto Gaia

segunda-feira, 18 de maio de 2009

VELHO FRACASSADO














Não tentes regressar atrás, a jogar ao botão!
No meio dos demais contínuas inadaptado...
A vida só tem um só sentido, uma direcção,

não se compadecendo de ti, velho fracassado.

Zé Ernesto Gaia

domingo, 17 de maio de 2009

SOLITÁRIO








A todas as Margaridas




Sou o solitário no qual repousa a margarida,
da água no meu interior retira o seu sustento.
Se estou ausente murcha, é flor ferida.
O meu afago molhado é o seu alento.

Zé Ernesto Gaia


quinta-feira, 14 de maio de 2009

PEREGRINO












Vou caminhando...
Amparado a duro cajado,
a cabaça me refrescando!
Vieira de peregrino ao lado

Zé Ernesto Gaia


Foto »»certificação do
cumprimento da peregrinação.

Hai-cai - 110







Além é o mar

Carneirinhos a brincar -
Murmuram Ondinas


Zé Ernesto Gaia


terça-feira, 12 de maio de 2009

TUMORES










Aguarda a hora da morte num velho sofá...
As molas rangem ao peso dos tumores!
Pesadelos no sono dão-lhe velhos recados,
viveu saboreando sobremesas de pecadores.

Zé Ernesto Gaia

segunda-feira, 11 de maio de 2009

MEMÓRIA ABSOLUTA










A memória absoluta é um livro aberto,

no qual vivências foram encarceradas!
Ajuntadas ao jeito de areias no deserto...
Dunas de medos pelos ventos fustigadas.


Zé Ernesto Gaia

domingo, 10 de maio de 2009

Hai-cai - 109





Jarro flor arácea

Alvura da foliácea
Falo amarelo

Zé Errnesto Gaia


NA PRAIA (Teus Pés)













O seu olhar cioso nos teus pés pequenos e perfeitos!
Algo parecia diferente daqueles que te desfrutavam!
Tinha trocado a sensualidade da nudez dos teus peitos,
pelo encanto e delicadeza dos pés, que a areia pisavam.

Zé Ernesto Gaia

sábado, 9 de maio de 2009

POVERELLO (São Francisco de Assis)














Quando à campa rasa eu descer a descansar,
Quero sobre a nudez o burel franciscano.
E se um tal “filho” o Poverello estranhar,

De verdade me aceite, mesmo por engano.


Zé Ernesto Gaia

ALQUIMIA












Num oásis verdejante, um beijo molhado!
Mistura da minha saliva com a tua saliva, Alquimia!

Retalho de fina seda sobre teu corpo nu ondulado,
Sonho poético que tornou prenhe a nossa fantasia



Zé Ernesto Gaia


quinta-feira, 7 de maio de 2009

ROMA











Roma usurpando a riqueza da Ibéria Peninsular!

Encheu de onças de oiro e prata o seu erário...
Herdamos dizeres do legionário - O Latim Vulgar.
Da rica Hispânia engordou como soberbo usurário.

Zé Ernesto Gaia

domingo, 3 de maio de 2009

O HÁLITO FOI SENHA...













Ao anoitecer bati à porta, era mensageiro.

Abriste

Ali abraçados a tua boca colou na minha...
O hálito foi senha, era teu amante verdadeiro!

Sorriste

Ajoelhamos, deitamos e tua nudez foi minha...

Zé Ernesto Gaia

A VOZ DO SANGUE








A voz do sangue falou mais alto,
naquele momento de triste rotura.

A tua auto-estima ferida,

Senti em ti um ligeiro sobressalto,
quando me falaste com voz insegura.

és a minha filha querida!

Zé Ernesto Gaia

BARCOS RABELOS










A neblina dormitava sobre o leito do rio Douro...
Raios solares começavam a dissipar a nostalgia!
Os Barcos Rabelos viram nisto um bom agouro...
Rio abaixo, rio acima longe estava a sua agonia.

Zé Ernesto Gaia



sábado, 2 de maio de 2009

MÃE














Num momento de êxtase entre o aquém e o além,
baixei os olhos e olhei indiferente o meu umbigo!
Só algum tempo depois, me lembrei, querida mãe,
quantos os dias e os meses que ele me ligou contigo.

Zé Ernesto Gaia


Dia da mãe 3 de Maio de 2009

Hai-cai - 107





Pétalas de rosas
Odor de Vénus suave -
Doces e airosas

Zé Ernesto Gaia