quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Águas.


Nascente, assim límpida
um fio aquoso

brilha azul ao reflexo do céu
transparente ao sabor
reluzentes na esperança

que mansa se deleita

ou rasas ou profundas

se entrega aos desvios verdes

do solo que a aquece.

Vai longe... Seu corpo se alarga.
E a vida que lá está?
Ah! Essa se entristece
os dejectos o brilho apagam

de castanho o manto se cobre
cachecol de espumas que estrangula

o que nas entranhas nasce.

Pedaços de embalagens

adornam as margens

como brincos enferrujados

e o corpo em beleza se desfaz.

A ganância, em trono majestoso,

desce a correnteza,
com suas máquinas passa afundando
e encharcando o que plantado

e fecundado por ela foi.
A água viva se faz em angústia

que era pura, que era bela

hoje, em desespero

em luta cega

num grito mudo, atordoado

desliza arrancando do seu leito

o que a ela não pertence

vai limpando e varrendo desde a nascente

fuligens arraigadas pela modernidade compulsiva.

Apenas chora em clemência

restituam

o que ela um dia foi!



Flavia Angelini.


Poetisa "AMIGA SERENA"



2011 ANO INTERNACIONAL DAS FLORESTAS!




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